Jovens universitários de países de expressão portuguesa unidos pela mesma Igreja
É neste ambiente de fraterna convivência que jovens católicos a estudar na Universidade do Minho, provenientes de países como o Brasil, Cabo-verde, Moçambique ou Timor Leste partilham as suas experiências de fé num país irmão na língua, mas também na religião. As suas vivências e olhares espelham como tem sido a sua passagem por Portugal, em especial por Braga, e evidenciam a necessidade de construirmos pontes de fraternidade entre todos os jovens estrangeiros que escolheram Portugal para a sua formação académica.
A jovem cabo-verdiana Janete, estudante de Psicologia, é um desses exemplos. Para ela, pensar na ideia da unidade e universalidade da Igreja, é pensar numa mãe que cuida de todos os seus filhos com o mesmo zelo e carinho, mesmo sendo filhos de diferentes nacionalidades e culturas.
Por sua vez, Maria Flamínia, jovem timorense a estudar Direito, traz-nos uma realidade diferente, explicando primeiro que, tradicionalmente, o povo timorense organiza-se pelos trâmites de uma ho ahi (casa e fogo) e fatuk ho rai (pedra e terra), cujos patronos espirituais são entes celestes com dignidade divinal - o sol, a lua e as estrelas - o que, segundo a cosmovisão timorense, corresponde à Santíssima Trindade. No entanto, com a presença missionária portuguesa, o povo timorense foi-se apercebendo que, mesmo distantes uns dos outros, ambos pareciam acreditar no mesmo Deus.
O jovem moçambicano Silvério, estudante de Engenharia Informática, partilha que cada igreja em Moçambique tem a sua comunidade de jovens, orando e debatendo as suas dúvidas em conjunto, ajudando-se mutuamente. Todos os jovens sentem a responsabilidade de ajudar a comunidade a crescer. Silvério partilha ainda uma visão mais alargada, dizendo que o que distingue os jovens católicos é a iniciativa. Para ele, como tudo na vida, tem de haver quem dê o primeiro passo, para que haja espaço a uma maior colaboração.
Esta viagem de reflexão termina com Kelly Coelho, jovem brasileira a fazer o seu doutoramento em Direitos e Garantias Fundamentais, que nos explica que a experiência cristã de muitos brasileiros é vivida a partir da sua participação em grupos de jovens, um convite que surge logo na adolescência. Estes grupos dinamizam momentos de adoração e louvor com animação musical, que estimulam os jovens a participarem. Os encontros acontecem no próprio espaço das comunidades católicas, onde se reúnem também para diversas formações. É nestes espaços que muitos encontram a sua vocação religiosa.
São estes olhares, de diferentes pontos do planeta, que nos deixam perceber que toda a distância geográfica, que caracteriza a diversidade juvenil que circula pelas universidades, é estreitada pelos laços fraternos que nos unem na oração ao mesmo Deus. Fica bem plasmada, nesta partilha, a consciência cristã de que “embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada membro está ligado a todos os outros” (Romanos, 12).
Janete Mascarenhas, Psicologia | Maria Flamínia, Direito | Silvério Samuel, Engenharia Informática | Kelly Coelho, Direitos e Garantias Fundamentais
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