PROJETO SEMENTES'22 | DIÁRIO DE MISSÃO 5

Com os corações ainda a palpitar, concluímos a segunda semana de missão na cidade que tão bem nos acolheu, Cumura.

Passaram-se 15 dias e com eles uma rotina foi criada, para além daquelas tarefas a que denominamos domésticas (cozinhar, lavar a roupa…). Todos os dias, após a oração da manhã e do pequeno-almoço, rumamos ao Hospital do Mal de Hansen, no qual dependendo da área de formação de cada elemento do grupo, auxiliamos naquilo que é necessário. Já na parte da tarde, é a Escola o local onde, junto das crianças e dos jovens da comunidade, dinamizamos as atividades planeadas à priori. Estas incidem sobretudo numa vertente mais lúdica, como praticar desporto (futebol e basquetebol), realizar jogos tradicionais, não só portugueses, mas também guineenses e produzir origamis. Ainda assim, e considerando o grupo ser de extrema importância, também a educação é tida em conta na programação das atividades. Ao longo da semana, existem momentos em que as crianças e os jovens têm a oportunidade de aprender, ainda que de forma dinâmica, conteúdos de diversas disciplinas, tais como: português, inglês, matemática e geografia.

Entretanto, já apresentados à comunidade de Cumura pelo Frei António numa das eucaristias por ele celebradas, fomos convidados a integrar o coro da igreja e, claro, foi com grande entusiasmo que aceitamos. Os ensaios, que se realizam às terças, quartas e sextas, tornaram-se num momento de confraternização, assim como de aperfeiçoamento do crioulo guineense por parte do grupo. Além disso, têm proporcionado a partilha de músicas de ambas as culturas, sendo, por isso, bastante enriquecedor.

Por outro lado, também as eucaristias, celebradas à quinta e ao domingo, são momento de introspeção, ao qual não faltamos. Aliás, faz parte do quotidiano do grupo realizar uma dinâmica de reflexão a cada final de dia. Num ambiente mais íntimo, mais calmo, depois de um dia agitado, é essencial fortalecer a mente, assim como a união do grupo. Então, é aí que se procede à reflexão das dificuldades sentidas, tentando sempre superá-las.

De maneira a conhecermos também os arredores desta magnífica cidade da Guiné-Bissau, decidimos ir até Quinhamel, onde o azul do mar e o verde da vegetação se complementam numa bela e idílica paisagem. O silêncio tão característico deste lugar tranquiliza quem por lá passa.

Hoje, é inevitável percorrer as ruas alaranjadas de Cumura sem que sejamos reconhecidos pelos seus habitantes. Com a sensação de dever cumprido, a cada dia que passa, é deveras gratificante ouvir os nossos nomes ecoarem pelas vozes guineenses que correm até nós de sorriso no rosto e braços abertos. Chega mesmo a ser indescritível o quão bom é sentirmo-nos parte integrante desta comunidade tão bonita e alegre.

As emoções continuam a vibrar no nosso interior como se do primeiro dia de missão se tratasse. A verdade é que já vamos a meio desta experiência que marcará, certamente, não só a vida de cada um de nós, mas também daqueles que cruzam o nosso caminho. 

Como referiu um dia Madre Teresa de Calcutá, “o primeiro passo para conseguir algo é desejá-lo”. Portanto, é desejando a continuação de uma missão cheia de luz, amor e fé que escrevemos este nosso Diário de Missão.

Cláudia Ferreira, Mestrado em Formação, Trabalho e Recursos Humanos (UMinho)

In Diário do Minho (30/07/2022)


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