Voluntariado da Pastoral Universitária de Braga desperta a vontade de missão em muitos jovens universitários

Estará a solidariedade dos jovens proscrita? Refere-se demasiadas vezes que os jovens, embriagados de tecnologia e conforto, deixam para último plano o seu desenvolvimento pessoal e espiritual e preferem viver à custa de experiências rápidas e gratuitas que não requerem compromisso nem dispêndio de energia.

De uma forma metafórica, poderia dizer-se que estes preferem viver na espuma da vida. Discute-se, ainda, a apatia e falta de interesse dos jovens relativamente à sua envolvência em atividades extracurriculares de cariz solidário ou até mesmo a propostas de formação de cariz pessoal.

Esta premissa parece cair algumas vezes por terra e caiu, certamente, na passada segunda-feira, 24 de outubro, dia da apresentação dos projetos de voluntariado do Centro Pastoral Universitário (CPU) de Braga, que juntou mais de uma centena de universitários para ouvir falar sobre as propostas de voluntariado que a Pastoral Universitária apresenta para este ano.

Todos os anos, o CPU oferece aos jovens universitários caminhos de crescimento pessoal e espiritual, através de projetos de voluntariado dinamizados em instituições locais. Este ano foram apresentadas variadas propostas de intervenção na comunidade, muitas delas já com lugar de destaque nos anos transatos, e onde os jovens são convidados a atuar em setores da sociedade frequentemente esquecidos, mas prioritários para a Pastoral, nomeadamente os grupos dos idosos, crianças, demências e dependências.

Mas, o que leva um jovem a inscrever-se numa sessão de apresentação de voluntariado, como a que a Pastoral Universitária dinamiza? Poderá ser uma vontade inerente de fazer parte de algo ou de pertencer a um grupo, talvez para adornar um currículo ou até para ocupar algum tempo livre. Independentemente das intenções que poderão estar por detrás dessa decisão do jovem, este vai certamente embarcar num caminho de autodescoberta e compromisso, preenchida não só com as ações semanais de voluntariado, mas também com encontros quinzenais de formação e de reflexão em grupo. Uma experiência que certamente deixará a sua marca no coração destes jovens.

Talvez os jovens tenham em si esta vontade apressada de se “levantar”, à imagem de Maria, como nos lembra o lema lançado pela JMJ Lisboa 2023, e fazer parte de algo maior do que eles próprios. Talvez se queiram sentir cheios e valorizados no seu percurso académico, que por vezes é um caminho demasiado tecnocrata e individualista, e quem sabe talvez tudo isto não seja mais do que a escuta do chamamento de Deus para a missão.

Através do voluntariado, a Pastoral Universitária firma assim a sua intenção de querer fazer parte do processo de transformação na forma como os jovens universitários olham para o mundo que os rodeia, desafiando-os a sair da sua zona de conforto e a dedicar um pouco do seu tempo ao serviço do outro e, desta forma, ser protagonistas na construção de um mundo mais fraterno que acolhe e cuida dos seus irmãos. 

Este ano serão dinamizados projetos de voluntariado, em Braga, no Instituto Monsenhor Airosa, Colégio S. Caetano, Projeto Homem, Casa de Saúde do Bom Jesus e no Lar Stª Estefânia, em Guimarães, para além destas propostas dinamizadas em instituições, dar-se-á continuidade ao Projeto Mais Proximidade, desenvolvido em parceria com a PSP de Braga.

Raquel Madureira, 3.º ano da Licenciatura em Engenharia Física da UMinho

In Diário do Minho, 29/10/2022

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