Jovens voluntários da Pastoral Universitária refletem sobre o conceito de liberdade
Com o auditório do Centro Pastoral Universitário cheio, cada um de nós foi levado a pensar sobre o sentido da liberdade, nomeadamente, sobre três distintas versões de liberdade apresentadas pelo orador: a pessoal/intimista, a do movimento coletivo e a do movimento do universo. Passo a explicar, tendo em conta a exposição apresentada pelo Prof. João Paiva: a pessoal foca-se na nossa vocação (apelo de um chamamento, espaço de encontro) e pode ser representada por uma figura de três círculos que se interligam, onde cada um deles reflete uma pergunta: o que desejo fazer?, o que o mundo precisa? e o que tenho competências para fazer? Estas questões levam a um ponto de encontro a vocação, podendo esta ser individual ou coletiva.
Por sua vez, a segunda versão da liberdade (movimento coletivo), que revela que sermos livres não é fazermos o que nos apetece, é um jogo entre a minha liberdade e a do outro. João Paiva destacou que o outro é o nosso espelho, ele vê-nos como nós não nos vemos. Nesta segunda perspetiva da liberdade, devemos perceber que nós somos uma tríade – natureza, liberdade e inculturação – e que para vermos o que nos rodeia «temos de ver sempre com estes três óculos, quando vemos só com um vemos mal».
Por fim, a terceira perspetiva da liberdade (movimento do universo) relaciona-se com a ciência (dar pistas sobre o modo de funcionamento do mundo). A junção da liberdade do cosmo e do ser humano dá «um ingrediente interessante», porque nós temos de friccionar (nascer, fazer nascer, fazer morrer e morrer), pois somos ser finitos. Deus apresenta-se como a transcendência que controla o mundo, mas levantam-se algumas questões: terá Este «arriscado a liberdade do pulsar do cosmos?» e a nossa liberdade?
Perante estas palavras desafiadoras, não faltaram perguntas de vários universitários e que foram reforçadas pelas palavras do orador, quando referiu que «é a pergunta que nos move».
Esta sessão foi bastante apelativa e de interesses que vão além de uma visão científica. Aprendemos sobre o conceito intrínseco da liberdade e levou-nos a pensar em gestos simples que podem estar a infringir a liberdade do outro. Por exemplo, conversar com a pessoa ao lado durante uma palestra, convoca três liberdades: a do outro que quer ouvir a palestra, a das outras pessoas na sala que também querem ouvir e a do orador que quer ser ouvido. Mas poderia apresentar muitos outros exemplos que caraterizam a forma como pensamos a liberdade, a exercemos na nossa vida e o impacto que tem na vida dos que nos rodeiam.
Finalizado este encontro, há frases que levamos na memória: «Convocar a liberdade do outro para a minha liberdade é a real liberdade»; «Só sou realmente livre se os outros forem livres comigo» e «Sermos livres é ter um ato de fé», expressões que traduzem a riqueza da palavra e da nossa formação pessoal.
Este encontro, dinamizado pela Pastoral Universitária, espelha a importância da realização de momentos de diálogo e de reflexão, pois providenciam aos jovens universitários inputs de aprendizagem, sabedoria e cultura que depois devem ser partilhados com o outro. Para além disso, coloca-nos em contacto com jovens de outros cursos, de diferentes realidades e áreas de saber. A nossa formação pessoal reflete a diversidade destes momentos na nossa vida, aprender é muito mais do que estudar e ser realizados profissionalmente.
Termino esta partilha, citando o professor João Paiva com uma expressão que me ficou na memória: «Sermos absolutamente nada é tudo o que podemos ser»!
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