REVIVER A JMJLISBOA 2023: TESTEMUNHO DE UM JOVEM UNIVERSITÁRIO 2

 A Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, que teve lugar entre os dias 1 e 6 de agosto, permitiu a tantas pessoas, de todo o mundo, viverem um momento especial e único das suas vidas. Falo por mim, pelo grupo com quem parti em missão – o grupo da Pastoral Universitária de Braga – e por todos os rostos com quem pude partilhar gestos de encontro mais próximo (e foram tantos!). Para ser justo, incluo ainda as pessoas que, embora ausentes da cidade de Lisboa, acompanharam a Jornada com alegria e até contribuíram para o sucesso que foi a adesão dos jovens à mesma. Ademais, as suas palavras de comunhão valorizaram mais o caminho feito naqueles dias. 

Confesso que quando regressei senti uma mudança imediata, mas anima-me a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, no seio das comunidades donde partimos, vamos poder escutar os testemunhos uns dos outros e crescer espiritualmente, ampliando alegremente o horizonte que a participação na Jornada abriu. Inicialmente, inebriado pela intensidade(!) da estada na capital Lisboa, podia sentir uma espécie de dissabor ao reconhecer que seria impossível restituir com a mesma vivacidade o que lá se passou. Com algum distanciamento temporal, sei que não posso mesmo pensar assim. 

Todos aqueles dias foram, para cada um de nós, um desafio novo, porque, sabendo a dimensão tão grande do encontro e, claro, da nossa fé, queríamos viver autenticamente todos os momentos que a Jornada nos propôs. Mas, pensando bem, momentos há que de tão simples transbordam de eternidade. Refiro-me concretamente a gestos de verdadeira comunhão que pude apreciar, porque os associava imediatamente à presença de Cristo e à dinâmica de fraternidade que Ele gera. Entre tantos, conto o primeiro, o da Missa de Abertura, onde, ao meu lado, um casal de jovens franceses vivia de modo tão compenetrado a Liturgia, com um deles a traduzir docilmente o texto bíblico escutado. Podia falar também do cruzar o meu olhar no do Santo Padre, no qual vi bondade e paz, senti segurança e ânimo; ou do tocar o ícone de Taizé numa das orações ao lado de tantos peregrinos, na Igreja de São Domingos, no Rossio, e onde o ardor que vinha do desprendimento tocou-me. 

Houve desgaste, algum cansaço tomou o lugar, mas isso era inevitável onde a ação de fatores externos fez-se muito presente, falo da temperatura elevada e dos encontrões na multidão em diversos lugares ao longo desses dias. As reflexões, partilhas e orações em grupo, quando regressávamos à base – a Escola Básica Bartolomeu Dias – eram sinal de maturidade. Mas, em dias de maior intensidade, iam além disso: eram expressão pura de relacionamento, de amizade e caridade. 

As músicas, os hinos das Jornadas anteriores, as danças, os silêncios, a oração, o recolhimento, a celebração, os olhares, as mãos que apertavam, os novos rostos, os encontros inesperados com conhecidos…lembro tudo isto com um sorriso terno e de agradecimento. Vivi a Jornada e detenho-me numa certeza que levo: quero permanecer vinculado a Jesus Cristo e à sua Igreja. Quero crescer, treinar mais a interioridade, cultivar-me, cultivando-O na relação com o próximo, que são todos. Como cristão, percebi que não posso viver passando ao largo da beleza de toda a mensagem. Se a Jornada foi ponto de encontro, também foi ponto de partida, daí o Envio. Estou certo de que vamos apreciar os seus frutos com alegria, colocando-os ao serviço da comunidade donde partimos. 

Duarte Ribeiro, Ciência Política, UMinho



Comentários