REVIVER A JMJLISBOA 2023: TESTEMUNHO DE UM JOVEM UNIVERSITÁRIO 2
Confesso que quando regressei senti uma mudança imediata, mas anima-me a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, no seio das comunidades donde partimos, vamos poder escutar os testemunhos uns dos outros e crescer espiritualmente, ampliando alegremente o horizonte que a participação na Jornada abriu. Inicialmente, inebriado pela intensidade(!) da estada na capital Lisboa, podia sentir uma espécie de dissabor ao reconhecer que seria impossível restituir com a mesma vivacidade o que lá se passou. Com algum distanciamento temporal, sei que não posso mesmo pensar assim.
Todos aqueles dias foram, para cada um de nós, um desafio novo, porque, sabendo a dimensão tão grande do encontro e, claro, da nossa fé, queríamos viver autenticamente todos os momentos que a Jornada nos propôs. Mas, pensando bem, momentos há que de tão simples transbordam de eternidade. Refiro-me concretamente a gestos de verdadeira comunhão que pude apreciar, porque os associava imediatamente à presença de Cristo e à dinâmica de fraternidade que Ele gera. Entre tantos, conto o primeiro, o da Missa de Abertura, onde, ao meu lado, um casal de jovens franceses vivia de modo tão compenetrado a Liturgia, com um deles a traduzir docilmente o texto bíblico escutado. Podia falar também do cruzar o meu olhar no do Santo Padre, no qual vi bondade e paz, senti segurança e ânimo; ou do tocar o ícone de Taizé numa das orações ao lado de tantos peregrinos, na Igreja de São Domingos, no Rossio, e onde o ardor que vinha do desprendimento tocou-me.
Houve desgaste, algum cansaço tomou o lugar, mas isso era inevitável onde a ação de fatores externos fez-se muito presente, falo da temperatura elevada e dos encontrões na multidão em diversos lugares ao longo desses dias. As reflexões, partilhas e orações em grupo, quando regressávamos à base – a Escola Básica Bartolomeu Dias – eram sinal de maturidade. Mas, em dias de maior intensidade, iam além disso: eram expressão pura de relacionamento, de amizade e caridade.
As músicas, os hinos das Jornadas anteriores, as danças, os silêncios, a oração, o recolhimento, a celebração, os olhares, as mãos que apertavam, os novos rostos, os encontros inesperados com conhecidos…lembro tudo isto com um sorriso terno e de agradecimento. Vivi a Jornada e detenho-me numa certeza que levo: quero permanecer vinculado a Jesus Cristo e à sua Igreja. Quero crescer, treinar mais a interioridade, cultivar-me, cultivando-O na relação com o próximo, que são todos. Como cristão, percebi que não posso viver passando ao largo da beleza de toda a mensagem. Se a Jornada foi ponto de encontro, também foi ponto de partida, daí o Envio. Estou certo de que vamos apreciar os seus frutos com alegria, colocando-os ao serviço da comunidade donde partimos.
Duarte Ribeiro, Ciência Política, UMinho
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