Reviver a JMJLisboa 2023: testemunho de um jovem universitário 3

 

As Jornadas Mundiais da Juventude têm sido, desde o ano de 1986, locais onde milhões de jovens de todo o mundo vivem a fé de forma especial e são testemunhos de Cristo. Esta foi a minha primeira vivência das Jornadas que se tornou ainda mais marcante por ter decorrido em território português. Parti para esta aventura inserida num grupo constituído por vários universitários que se foi preparando ao longo de várias reuniões para este evento único. 

Torna-se difícil colocar por palavras tudo aquilo que se viveu nestes dias. Cada momento destas Jornadas foi presenciado de forma muito intensa. Neste sentido, recordo neste texto, e para que os leitores possam “viajar” temporalmente comigo, umas das atividades, que se encontrava prevista no programa oficial da JMJ, e que representa o quão intensa foi essa semana: as orações de Taizé. Já ouvira falar em tempos desta comunidade francesa, mas em noção alguma do impacto que me poderia causar. A Igreja de São Domingos, na baixa de Lisboa, perto da Praça do Rossio, foi palco de um dos momentos mais arrepiantes que presenciei. Para não falar da enchente de jovens que adornou esta igreja, as orações com cânticos foram o mote para verdadeiras introspeções pessoais e profundas. Naquela tarde, a palavra de Cristo ecoou no meu coração e encontrei esperança, esperança para o caminho que ainda falta percorrer na vivência da minha fé e esperança de olhar para o futuro sem medos! 

Relembro também com carinho um encontro, totalmente inesperado, com um grupo de jovens oriundos da Polónia, enquanto esperávamos pelo nosso jantar (pizzas mais concretamente), sentados na calçada portuguesa. O grupo dirigiu-se a nós e, como era habitual no ambiente das Jornadas, começamos de imediato a falar dos mais variados temas, até que uma das Irmãs que acompanhava os jovens me entregou um coração com a imagem de Nossa Senhora e uma oração em polaco. Eu pedi-lhe desculpa pois não tinha nada para lhe dar em troca. Ela sorriu. Aí senti o amor de Jesus: dar sem esperar nada em troca. 

Mais tarde, nessa mesma noite, uma jovem brasileira aproxima-se de nós, com um ar preocupado, pois o grupo dela ainda não tinha jantado e todos os estabelecimentos já se encontravam encerrados. Ora, como tinham sobrado fatias de pizza de cada um de nós, juntámos tudo e demos à jovem que ficou visivelmente emocionada com o nosso gesto. Um exemplo de como podemos colocar em prática as palavras de fraternidade ecoadas pelo Papa Francisco ao longo desses dias.

Não descurando todo o caminho que percorremos durante toda a semana, a ida e a chegada ao Parque Tejo, espaço onde iriamos viver os últimos dias da Jornada juntos com mais de 1 milhão de jovens, foram especialmente emocionantes: desde o trabalho incrível dos voluntários, das forças de segurança, dos bombeiros, de tantos outros que tornaram estes dias especiais e seguros, cada uma destas pessoas deu-me força para continuar de forma digna e única a viver estes dias com intensidade. Uma verdadeira onda de jovens unidos por uma só fé, por uma só voz e pela mesma vontade de aprender a amar como Jesus. 

A verdade é que a cidade de Lisboa foi abalada por um terramoto de alegria, de dança, de cânticos, onde a língua não era um entrave, pelo contrário, era uma forma de união de culturas e povos, de oportunidade para crescermos e fortalecermos esta vontade de querermos viver unidos na paz, no amor e na fraternidade. 

Apesar de todo o cansaço acumulado e calor sentido ao longo deste fim de semana, perdurou sempre o amor e a compaixão e a certeza de que queremos ser instrumentos do amor pelo mundo, seguindo as palavras do Santo Padre quando nos interpelou a ser radicais na forma como olhamos para o nosso irmão: “O único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é quando queremos ajudá-la a levantar-se”.

Mariana Verdelho, Direito, UMinho

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