Descobrir o espírito de Natal no Centro Pastoral Universitário



No passado dia 10 de dezembro, a Pastoral Universitária dinamizou a habitual Ceia de Natal Universitária no Centro Pastoral. Jovens universitários portugueses, timorenses e brasileiros, residentes, colaboradores e amigos juntaram-se e, como qualquer outra Ceia de Natal, houve espaço para a eucaristia, bacalhau, convívio e troca de presentes depois da meia noite, tudo de acordo com o espírito de Natal a que cada um de nós está habituado.

A festividade começou um pouco antes das sete da tarde, com alguma agitação e ansiedade por parte da equipa responsável que preparava carinhosamente o início daquela que seria uma noite memorável, naquela que se tornou para todos nós a nossa segunda família. Entre dós e rés, afinavam-se as guitarras e o coro ensaiava alguns versos para dar início à celebração da eucaristia.

Nesta celebração, que se tornou, sem dúvida, o centro de toda a Ceia de Natal, refletiu-se sobre o verdadeiro sentido do Natal que muitas vezes é esquecido por todos nós. O Pe. Duque, que reúne em si a curiosidade, o saber, a proximidade e a capacidade de partilha, centrou o Natal na vivência de três princípios: a importância de sermos vigilantes na oração; de sermos operativos na caridade e, por fim, de exultarmos no louvor. Percebi, enquanto fiz com as suas palavras uma profunda viagem sobre o sentido do Natal, que esta tríade que define esta festa é, sem dúvida, basilar na construção do sentido misericordioso do Natal e é a partir desses princípios que tornaremos esta época uma verdadeira celebração do “outro “e não uma celebração egoísta, virada para a autossatisfação com a vivência das emoções próprias desta que é a mais bela época do ano.

Nunca, em momento algum, pensei que a minha vinda para a universidade e, mais especificamente, para a Pastoral Universitária, me viesse dar ensinamentos sobre o que é verdadeiramente o Natal. O Natal para mim, e creio que para muitas outras pessoas, é algo automático, isto é, todos os anos acontece invariavelmente na casa dos avós; inevitavelmente, acabamos por dar ou receber sempre as mesmas coisas; até a ementa é imutavelmente bacalhau, polvo e rabanadas, em alguns locais com o acrescento do peru. Já para não falar em toda a ansiedade e agitação que o processo de escolha e compra das prendas, todos os anos, desencadeia em cada um de nós. Tudo isto faz do Natal, a cada ano que passa, uma repetição de gestos, emoções e partilhas, o que acaba por o tornar numa época em que a dimensão material ganha a atenção nas nossas vivências e não numa época que se centra na dimensão espiritual. Estranhamente, durante todo este tempo não me questionei acerca deste ritual alienado que punha em prática todos os Natais. Afinal o que é que eu reaprendi?

O espírito que vivi nesta celebração do Natal, no CPU, fez-me lembrar que a razão primária pela qual celebramos o Natal é o nascimento de Jesus. Parece estranho, mas muitas vezes esquecemo-nos de que Ele é o aniversariante e é para Ele que deveria ir a nossa atenção, era para Ele que deveríamos preparar a festa, indo ao encontro do que Ele esperaria para comemorar o seu nascimento, perspetiva que alteraria totalmente a vivência do nosso Natal.

Por outro lado, interiorizei com outro olhar que o Natal não está naquilo que queremos receber, mas naquilo que queremos dar. E mais importante, que o Natal é a época mais privilegiada para nos encontrarmos com Deus, pois, todo o ambiente que nos envolve, propicia sentimentos de paz, de solidariedade, de amor e de vontade de regressar ao seio do Criador.

Raquel Madureira
Estudante do 1.º ano de Engenharia Física, Universidade do Minho




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