INTERROGAÇÕES DE UM JOVEM EM TEMPO DE PANDEMIA: Como pode a Igreja ajudar-me?

Será que este período, ao qual não vemos fim, poderá ser visto como a simplicidade da mudança das coisas, as alterações que naturalmente ocorreriam nas circunstâncias ditas normais? E saber viver com essa conclusão? Pois aqui está um bom exemplo daquilo que este período me está a fazer: fazer pensar demais. Relembrar pequenos momentos e impedir que crie novas memórias, recordar o quão bom era aproveitar os pequenos momentos da vida, que aparentemente nos foram impossibilitados. Parece até que não lhes dávamos o devido valor.

Quantas vezes dizíamos para nós próprios “está na hora de parar e respirar um bocadinho”. E o que fazemos agora que temos esse tempo para respirar? Sabemos nós viver com paragens para pensar, para refletir, para apreciar, ou quereremos tudo tão depressa?

Como jovem que sou, talvez não saiba responder a estas perguntas, mas precisamente fazê-las, porque, para além de tudo, este foi, e tem sido, um período de inquietação e reflexão, onde aproveitei para questionar e refletir, que pode muito bem ser mais importante do que responder efetivamente às perguntas.

Este tempo, que de claro nada tem, pode muito bem ser uma oportunidade que nos está a ser dada para nos reinventarmos, aprendermos a ver os problemas de uma forma diferente, talvez de uma forma verdadeiramente cristã, onde somos constantemente confrontados a vermos a nossa pessoa como membro de uma comunidade, de uma sociedade onde os meus atos vão ter consequências na esfera pessoal de outro ser humano.

Ora, é no desenvolvimento desta ideia que surge o pensamento que, para mim, tem tanto de bonito como de perigoso: “Qual é o meu papel?”.

Este pode ter algumas derivações, tais como: “Que devo eu fazer para tentar amenizar a situação?” ou ainda “Que posso eu fazer para ajudar?”.

Durante o meu percurso académico e durante a minha experiência de vida, ainda curta, tive oportunidades imensas. Projetos, associações, movimentos. Uma voracidade de possibilidades onde o “sim” poderia derivar de diversas razões. No entanto, porque não aliar estes projetos à tentativa de resposta às questões referidas?

É precisamente aqui que surge o grande desafio. Reconhecer que o jovem, enquanto ser ativo, pode ter impacto na Igreja, ou então, reconhecer que a Igreja pode ter impacto na vida de um jovem.

Em momentos de dúvida e incerteza, o nosso reflexo é optar pelo isolamento e afastar este tipo de coisas, desafiantes ao nosso pensamento, às nossas atitudes e à nossa rotina. Deixamos de acreditar que há algo superior que dá significado à nossa vida, e isso não pode acontecer. Compete aos jovens aproveitar estas oportunidades e criar espaço na Igreja para a sua coexistência, porque temos as ferramentas para mudar o estado das coisas e a Igreja tem as ferramentas para nos dar vontade, esperança e confiança no futuro.

Aproveitemos todos os projetos, ainda possíveis, que a Pastoral Universitária de Braga nos oferece, fomentando a espiritualidade individual, a espiritualidade em comunidade e o voluntariado, de forma a que este tempo não custe tanto a passar.

É o desafio que lanço. Aceitar e acreditar.

Guilherme Guedes | Direito da União Europeia

Texto publicado in Voz de Esperança | edição mar-abr_2021

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