JOVENS NA CONSTRUÇÃO DE PONTES MULTICULTURAIS
No passado mês de novembro, tivemos a oportunidade de
refletir, num evento promovido pela Pastoral Universitária de Braga, no âmbito do
projeto Encontro de Culturas, sobre “A importância da juventude no desenvolvimento
da sociedade”. O diálogo foi desenvolvido de um ponto de vista multicultural
com três jovens universitários, um guineense, um timorense e um português, que,
a partir das realidades de origem, conversaram sobre os desafios e obstáculos
que são colocados aos jovens do mundo nos dias de hoje.
Para o jovem português, André Cardoso, “a realidade social e
cultural ainda não é capaz de ser uma ferramenta que permita um igual acesso às
oportunidades. Apesar de vivermos na era da globalização, as diferenças ainda
são enormes e merecem um travão naquilo que é a construção de muros. Há algo
que nós, jovens de diferentes partes do mundo, temos em comum: a vontade da
mudança. Cada vez mais há um interesse em mostrarmos que também somos capazes
de trazer algo de bom, pois afinal também somos atores da sociedade e merecemos
tempo de antena. Mas não nos basta sermos oposição àquilo que está mal se não
formos capazes de assumirmos a responsabilidade de nós próprios mudarmos.
Reagir a favor de uma sociedade mais desenvolvida deve implicar a apresentação
de soluções e o desapego ao conforto dos bastidores. Devemos sempre ter a
audácia de reivindicar e de querer mais, não esquecendo que, quanto mais pedimos,
mais temos de dar.”
Por sua vez, Osório Ximenes refere que, em Timor, “mais de
metade da população tem uma idade inferior a 30 anos, pelo que se procura
incentivar os jovens a exercerem os direitos e deveres que lhes são inerentes
como cidadãos, de forma esclarecida e responsável, como base fundamental para o
desenvolvimento sustentável. O papel dos jovens é essencial para o futuro de
Timor.”
Sumaila Jaló, estudante guineense, partilhou a certeza de
que “a juventude guineense, que representa 60% do total dos habitantes da
Guiné-Bissau, tem-se mobilizado em torno de várias iniciativas de cidadania,
com vista a participar no processo de desenvolvimento do país. Entretanto, para
garantir que a força da juventude contribua efetivamente para mudanças radicais
na vida dos guineenses, é urgente que se adote uma ampla política pela
juventude, que priorize o investimento essencialmente no setor educativo como elemento-chave
para a formação profissional.”
Numa perspetiva partilhada, os presentes concluíram que
falar de juventude em Timor, na Guiné, ou em Portugal, é falar no contributo ativo
dos vários jovens nas suas comunidades e perceber que, sem investirmos na
educação e na formação pessoal e vocacional, não será possível dar voz às
necessidades e sonhos e contribuir para um mundo mais humano e desenvolvido.
Nas palavras de André Cardoso, “apesar de todos os
quilómetros que nos separam, da diferença cultural e social que nos distingue,
os desafios e a vontade que caraterizam a geração mais jovem acabam por ser
semelhantes. É altura de a restante sociedade olhar com bons olhos para aquilo
que nós, jovens, dizemos e de não terem medo de nos reconhecer algum mérito,
pois a juventude é a esperança de qualquer país, o principal motor do seu processo
de desenvolvimento”.
In Voz de Esperança | Jan/Fev 2021
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