Pastoral Universitária e PSP de Braga assinalam fim do primeiro ano do protocolo de colaboração

O final de tarde do dia 12 de julho pode ser considerado mais um momento marcante para a vida de alguns universitários e idosos da capital do Minho.

Fora dos holofotes e das câmaras, um grupo de jovens da Pastoral Universitária de Braga encontrou-se com um grupo de idosos, sinalizados pela Polícia de Segurança Pública de Braga, no âmbito de um programa de combate à solidão da comunidade mais envelhecida, iniciado em fevereiro deste ano pela Pastoral Universitária de Braga em parceria com a PSP de Braga.

O convívio teve início ainda antes da chegada ao Sameiro. Obedecendo aos cuidados necessários exigidos pelo contexto atual, os participantes mais velhos tiveram o seu transporte garantido num esforço combinado entre a PSP e a Pastoral Universitária, que os foram buscar às suas residências. Na viagem, não faltaram temas para conversar. E a ansiedade para chegar ao destino era inegável. Chegados à Basílica do Sameiro, deu-se início a um momento de partilha, reflexão e companhia, recheado de “quem dera vir mais vezes”, “estava mesmo a precisar disto, menino”.

Talvez importe referir que este encontro não é um evento esporádico, dinamizado sem razão aparente e sem desenvolvimento ou antecedentes. Nada disso. É precisamente aqui que reside a beleza deste momento. Os jovens em causa foram desafiados a acompanhar, de forma ativa, a vida de um grupo de idosos aos quais um simples “bom dia” faz toda a diferença.

Muitos foram os “já tomou os seus medicamentos hoje?” ou então “não se esqueça de comer!” trocados entre os voluntários e os idosos que estavam a acompanhar. Infelizmente, a maioria destas palavras, durante meses, foram apenas partilhadas via telefónica, sem o contacto humano do qual estas pessoas tanto precisam. Assim, surge a necessidade de encontro, de retirar os idosos dos seus lares onde há muito estão fechados, dar-lhes motivos para andar.

À boleia do som do violino e da guitarra que entoavam pela Basílica do Sameiro, as histórias e memórias surgiam, também motivadas pela reflexão guiada pelo Padre Eduardo Duque, diretor da Pastoral Universitária, baseada na leitura do “Bom Samaritano”. O que era isto se não uma boa ação? O que era isto se não amar o próximo?

Duvido que passagem mais adequada houvesse. E ver o olhar profundo, interessado e feliz daqueles que estavam ali ao nosso lado, fez perceber que aquilo que estava a ser feito tinha verdadeiro significado. Sei, e sentia-se, que o encontro se poderia prolongar pelo resto do dia e pela noite dentro. Havia aquela vontade de partilhar todas as experiências de vida que ali se encontravam reunidas.

Talvez, ainda que se tratasse de pessoas de Braga, estes idosos já não visitassem o Sameiro há algum tempo. Uma paisagem que estará à janela de praticamente todos, torna-se cada vez mais inalcançável pelo tempo que passa e pela falta da companhia para fazer esse tipo de visita.

De facto, todos sofremos com o covid-19. Mas aproveitava este momento para propor um exercício de reflexão… Pensemos em todos aqueles que, devido às circunstâncias, já se encontravam sozinhos a “gozar” de um distanciamento social que, infelizmente, para estas pessoas não é uma simples diretiva da Direção Geral de Saúde, mas sim a circunstância de vida. Pensemos nisso tudo, agora em período de pandemia, no qual nem da presença de jovens voluntários podem usufruir.

Agora digo-vos, este não é um exercício hipotético, é a vida e a realidade de muitas pessoas.

Chegou a hora das despedidas. Aquelas despedidas despercebidas no meio de mais conversa e de histórias partilhadas. No meio de sorrisos em que se percebe o que já se viveu e como se viveu.

Missão cumprida.

Não tem de acabar por aqui e não vai. Este é o início de algo novo, este é o projeto do qual tenho gosto e orgulho em dizer que fiz parte.

Guilherme Guedes | Direito da União Europeia (UMinho)

In Diário do Minho

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