Um caminho de encontro com Cristo através do voluntariado
A Pastoral Universitária de Braga tem promovido projetos que levem os jovens a viver experiências de encontro com a vulnerabilidade do outro e a compreender assim a missão de cada cristão na construção de uma sociedade mais solidária e justa.
Na última quinzena do mês de agosto, um grupo de jovens universitários viveu essa experiência de missão na Casa de Saúde do Telhal, no âmbito do Projeto ICTHUS, desenvolvido pela Pastoral Universitária de Braga. O Projeto ICTHUS consiste numa caminhada espiritual cujo objetivo é aprofundar os nossos conhecimentos sobre a vida de terrenal de Jesus e, desta forma, dar sentido à nossa caminhada cristã, fortalecendo, assim, a nossa fé e crescer como pessoas, pondo em prática os ensinamentos que Jesus nos deixou.
Dois dos jovens partilham a sua experiência no Projeto ICTHUS e na missão que abraçaram este ano.
Sara Madureira, aluna de mestrado de Gerontologia Social Aplicada, da Universidade Católica de Braga, descreve numa pequena frase o que de central viveu no projeto: «Faz-te ao caminho! A afirmação serve o propósito do projeto que redirecionou os meus passos para as experiências do bem. O Projeto ICTHUS leva-nos a percorrer um caminho com cristo e com os ensinamentos da Igreja».
Vivemos tempos atípicos. E esta missão refletiu também essa realidade e marcou quem nela viveu. Este projeto culmina com uma missão, que consiste numa viagem à Terra Santa, para seguirmos, literalmente, os passos de Jesus Cristo na Terra, visitando os locais por onde ele passou. Mas este ano foi diferente..., relembra Francisco Claudino, aluno de Engenharia Informática, da Universidade do Minho. Mas mesmo assim, foi-nos sugerido uma missão de voluntariado na Casa de Saúde do Telhal (casa de saúde que acolhe utentes com doenças mentais). A nossa missão seria a de tornar a vida dos utentes mais alegre e mais especial nos dias em que lá estivéssemos, dando o nosso tempo e a nossa dedicação aos mais necessitados.
Mesmo com a mudança de planos no projeto, Sara Madureira refere «lá calcorreei, indubitavelmente, as pegadas de Cristo. Viver com os doentes ajudou-me a perceber que poderia potenciar a minha experiência no projeto. E assim foi. Durante a missão fizemos gestos simples, mas grandiosos. Estivemos presentes, escutamos e conversamos. Por mais atividades que fizéssemos o essencial era ouvir os que falavam, olhar os que não comunicavam».
Acrescenta ainda sobre a sua experiência: «partilhei a minha vida, pus-me a caminho... experimentando o encontro com Jesus e, durante o trajeto, cantei, celebrei, chorei, escutei testemunhos, etc. Sempre tive alguns complexos de inferioridade que me fecharam ao meu crescimento e amadurecimento. Este projeto deu-me a oportunidade de trabalhar os meus defeitos e debilidades, mas também de aprender a abraçar as minhas particularidades e virtudes. Aprender a contemplar, a escutar, a prestar atenção, a agradecer e a perdoar. Ganhei dimensão e intensidade. Ganhei uma nova luz que me guiará daqui para a frente se eu a quiser manter acesa, pois, o grande desafio começa agora, na vida quotidiana, nas nossas relações desde as pessoas mais próximas ao desconhecido que connosco se cruza no passeio».
Sentimentos partilhados pelo Francisco Claudino, o qual refere que «mal chegamos à Casa de Saúde do Telhal e começamos a conviver e a conhecer os utentes, todos os meus medos e dúvidas desapareceram de um momento para o outro. Encontrei e conheci pessoas que, tal como eu, têm os seus sonhos e objetivos de vida, pessoas que querem ser felizes acima de tudo, mas que, devido a uma ou várias doenças das quais eles não têm culpa nenhuma de lhes ter sido diagnosticada viram os seus sonhos a fugirem-lhes por entre os dedos. E esta realidade chocou-me e impactou-me de uma forma inesperada. Mudou a forma como encaro a vida. Mal encarei esta realidade, percebi que a minha missão naquele local não poderia ir mais de encontro ao objetivo do Projeto ICTHUS. Estava ali com o propósito de ajudar o próximo, de ajudar os mais necessitados, de dar tudo de mim para melhorar um pouco a vida daquelas pessoas e tornar-lhes os dias um pouco mais felizes. E foi exatamente este um dos ensinamentos que Jesus Cristo nos deixou, o de ajudar o próximo como se dele se tratasse».
Para terminar, ambos abrem o coração para o leitor, quando deixam fluir as palavras com a facilidade de quem se transformou e anseia por levar essa boa nova a todos. «Esta missão teve um impacto muito positivo em mim, ajudou-me a dar valor ao que tenho, a dar valor a coisas que eu dava como garantidas, como a saúde e o apoio e amor da família e dos amigos, coisas que eu percebi que são extremamente valiosas e que, infelizmente, nem todos têm a sorte de as ter. Foi, sem dúvida alguma, uma das experiências mais enriquecedoras pelas quais já passei, e nunca me hei-de esquecer das pessoas que conheci e das amizades que fiz, pois ensinaram-me mais do que eu alguma vez poderia imaginar. Esta missão transformou a minha forma de encarar a vida. Agora vejo a vida com outros olhos e agradeço a Deus cada dia que me concede com saúde e alegria», reflete Francisco Claudino, em forma de conclusão. Sara Madureira também revela um sentimento de mudança e gratidão quando nos diz que faz questão também de deixar palavras de gratidão à Pastoral Universitária por «nos abrir caminho a experiências inesquecíveis e perduráveis, principalmente com aqueles que a sociedade descarta e rejeita». Terminando a sua partilha «hoje, dentro de mim algo explode e transborda. Estou feliz. Que assim seja sempre».
Quase a iniciar um novo ano letivo, a Pastoral Universitária prepara-se para dar continuidade a esta missão evangelizadora dos jovens universitários através de projetos como o ICTHUS, mas muitos outros, que são catalisadores de mudança, de crescimento e de encontro com o verdadeiro rosto de Cristo.
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