Pastoral Universitária envia novamente universitários para missões em África

No passado sábado, cumpriu-se uma vez mais a tradição da celebração da Missa de Envio dos jovens universitários que participaram na 9.a edição do Projeto Sementes. Um momento que marca o final da caminhada de preparação das Sementes para a partida em Missão em África durante os meses de verão e que contou a celebração da eucaristia, seguida de um momento de convívio.

Este foi um dia em que familiares, amigos e Sementes de edições do projeto de anos anteriores se juntaram, no Centro Pastoral Universitário, para testemunhar o percurso e a vontade de 14 jovens universitários querer partir em missão para uma comunidade em África.

Um percurso que exigiu de cada um de nós uma entrega muito própria e intrínseca e cujos valores e ensinamentos recebidos farão parte nas nossas vivências missionárias.

A celebração da Eucaristia marcou o arranque deste encontro em que cada uma das jovens sementes recebeu o envio missionário, através das palavras do Pe. Eduardo Duque, Diretor do CPU e fundador deste projeto, um verdadeiro chamamento em nome de Jesus para partir, sem medos. Não há limites nem fronteiras, somente a certeza de que Ele estará sempre junto de nós nesta viagem.

A Missa de Envio foi um momento para recordar e fortalecer ainda mais a vontade de querer partir das Sementes desta 9º edição do Projeto, mas é sobretudo um encontro com Cristo, que será o capitão desta nossa Missão. É Ele que nos encoraja a não desistir e a olhar com ânimo e determinação para as nossas próprias fraquezas. É uma celebração onde as emoções são sentidas e vividas da forma mais genuína, onde sentimos que todos estamos no mesmo barco e que nos queremos colocar em saída.

Nem sempre é fácil fazer parte da tripulação deste barco, até porque os que ficam em terra também são parte desta embarcação, pois também eles fazem a experiência de missão, porque nos amam e nos querem ver felizes com as escolhas da nossa vida. Refiro-me aos familiares e amigos, estes que merecem um agradecimento especial pelo apoio e pela resiliência transmitidos ao longo deste longo percurso de formação no Projeto Sementes.

Este ano, serão 3 os grupos que partirão em missão. Durante um mês, cada grupo poderá ser verdadeiramente missão nas suas comunidades, levando para estas terras tudo o que receberam ao longo do caminho percorrido até aqui.

A partida está para breve, mas sempre certos de que as comunidades de Loura, Salineiro (ilha de Santiago, em Cabo-Verde) e Cumura (Guiné-Bissau) irão ser a nossa casa durante estes dias missionários. Uma partida marcada pela confiança de que iremos ser acolhidos de braços bem abertos, porque fazemos parte de uma mesma família que é maior do que nós próprios: a comunidade cristã.

Na verdade, os encontros de formação realizados ao longo deste ano, semanalmente desde novembro a julho, foram cruciais para ajudar a construir e a fortalecer um dos aspetos essenciais deste Projeto: o espírito missionário, que é imbuído de várias dimensões – o serviço, a vivência em grupo, a convivência com a comunidade e a dimensão espiritual.

O Projeto Sementes nasceu em 2014 e desde a sua primeira edição já enviou para missões em África e na Madeira mais de 150 universitários ou recém-licenciados, para além de mais de duas centenas que se ligaram ao Projeto ao longo dos últimos 9 anos, mas que não conseguiram, por razões diversas, concluir o percurso formativo e partir em missão. Importa referir que, ao longo do ano, os jovens universitários desenvolvem atividades de angariação de fundos e de materiais, envolvendo dezenas de instituições e empresas, que têm tornado sustentável a realização das missões nas diferentes comunidades de acolhimento.

Partir em Missão é uma responsabilidade enorme, pois levamos connosco o nome deste grandioso Projeto, mas também da Pastoral Universitária de Braga, cuja dedicação e apoio são indescritíveis e a quem, nós jovens universitários, estamos profundamente agradecidos por nos ter aberto a porta para vivenciarmos esta dimensão da vida tão transformadora, que engrandece o nosso percurso pessoal e académico.

Ser Missão na terra implica deixar para trás as coisas fúteis e os sentimentos materialistas que nos são tão familiares e nos aprisionam e encarar com um olhar de esperança o suor e a dureza desta Missão que nos espera, sendo verdadeiros instrumentos do amor, da paz e da fraternidade. Acredito verdadeiramente que ser missionário significa uma mudança interior, na partida e na chegada, uma mudança nas nossas prioridades e um olhar mais atento ao que nos rodeia.

Estou certa de que será um mês enriquecedor, com dias bons e menos bons, mas vamos preparados para não desanimar. A nós cabe semear o amor e a fraternidade, pois o Bem crescerá sempre de maneira humilde e muitas vezes não será visível aos nossos olhos. 

Mariana Verdelho, Curso de Direito, Universidade do Minho

In Diário do Minho, 8/7/2022

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