PROJETO SEMENTES'22 | DIÁRIO DE MISSÃO 1

 Todas as vivências no projeto Sementes ao longo deste ano, desde as reuniões semanais de preparação espiritual, a angariação de fundos, o voluntariado em instituições sociais, culminam agora na partida de vários jovens universitários para comunidades isoladas em África, sendo uma delas em Cabo Verde, a comunidade de Loura.

O grande entusiasmo e desejo de iniciar esta jornada não se deixou abalar pela longa viagem, iniciada na madrugada de 14 de Julho, sendo que as terras cabo-verdianas apenas foram pisadas nas primeiras horas de dia 15. A receção por parte de dois missionários franciscanos, o frei Nicolas e o frei Anselmo, um português e outro moçambicano, respetivamente, foi extremamente calorosa. Nas primeiras horas do dia foi possível admirar a beleza da ilha de Santiago, que apesar da gravidade da escassez de água no país devido a ausência de chuva, traduzida na desertificação do terreno, permite tirar o fôlego com as suas paisagens exuberantes. Também foi percetível o impacto da seca nas comunidades, a ausência de água potável que já se prolonga por mais de um mês.

Relativamente a hospitalidade, a população cabo-verdiana tem sido impecável, apesar da clara falta de bens materiais, alimentícios e das dificuldades que se fazem sentir nas populações, a sua generosidade é notória, tendo frequentemente comida ou bebida para oferecer. Têm sempre uma palavra amiga a dizer e um “bom dia, tudo bem” mesmo a desconhecidos sai-lhes do coração! Em particular, em Loura, a receção foi dada pela anciã da comunidade, a senhora Filomena, carinhosamente chamada de “Nha Mena”. 

No pouco tempo que tivemos com as crianças, foi percetível a sua energia inesgotável e, após a timidez inicial, ficaram disponíveis para todas as brincadeiras, danças e atividades lúdicas que nos propusemos desenvolver com eles, sendo um dos seus jogos preferidos o do “polícias e ladrões”, ou apenas jogar às cartas. O respeito das comunidades pela Igreja Católica é notório e o Senhor Padre é visto como um amigo e confidente, sendo que a sua bênção é para as pessoas fundamental.

A forma como se dedicam às coisas de Deus e a humildade com que vivem faz com que sintam a vida com muita alegria, fazendo muito do pouco que têm. O domingo, dia de paragem, fomos animar a Eucaristia, inicialmente na comunidade de Loura e, depois, numa comunidade próxima, em Santana, em que pudemos conviver com os jovens de Loura. Neste último lugar, foi claramente percetível a alegria com que a comunidade nos recebeu.

Apesar de estarmos aqui há pouco tempo, estou certo de que esta vai ser uma experiência inesquecível, tanto em termos espirituais, como em termos de aprendizagem para a vida. O nosso compromisso tem sido dar sempre o nosso melhor, estando disponíveis para servir em tudo o que seja necessário. 

Miguel Pires, Administração Pública (UMinho)

In Diário do Minho (21/07/2022)


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